O síndrome do empregado de limpeza.
Os empregados de limpeza da casa-de-banho do meu local de trabalho têm uns tiques curiosos. Uns tremem com a pálpebra do olho direito. Outros, têm espasmos nos dedos das mãos. Outros, ainda, não sabem escolher timings apropriados para fazer o seu trabalho.
É um tique estranho, este, de não saber escolher a altura ideal para fazer o nosso trabalho... Ainda só o tinha apreciado verdadeiramente em cães e Testemunhas de Jeová.
Mas parece que os serviços de limpeza aqui da empresa também padecem desta condição.
E porquê, perguntam Vossas Excelências? Porque eles escolhem sempre trabalhar nas horas em que uma pessoa mais precisa de ir à casa-de-banho. Nomeadamente, depois da hora de almoço.
Já não é a primeira nem a vigésima quarta vez que me dirijo ao respeitável trono depois de um cuidado almoço e, mal me sento na real loiça esbranquiçada, ouço baterem à porta. Não à porta do cubículo, porque isso seria estranho, mas à porta geral da casa-de-banho.
Quando isto acontece, sou obrigado a gritar qualquer coisa, para dar a entender à empregada de limpeza (sim, costuma ser mulheres, o que ainda se torna mais estranho) que ainda não é completamente seguro realizar o seu trabalho.
Mas o quê, Virgem Santíssima?! O que é que eu vou gritar a plenos pulmões a outro ser humano, com o meu gostoso rabo sentado numa sanita e à espera que a Natureza faça o seu trabalho?
"Tem gente!"?
"Ei, 'tá quieto!"?
"Olá, como vai você e a sua família?"?
"Já investigou esse sinal no seu pénis, senhor? Parece perigoso..."
Pior, até aposto que, se eu trabalhasse à noite, os empregados de limpeza também fariam o mesmo depois da hora de jantar!
Uma pessoa ainda estava na sobremesa e já estavam eles a testar os esguichos e de esfregona em punho, prontos para interromper o momento em que o rabo quentinho da pessoa se encontrasse novamente com a fria loiça.
Enfim.
Isto dos direitos do trabalhador é tudo muito giro mas, infelizmente, não consagra o direito a usar o quartinho das necessidades em paz.
Porque isto assim não pode continuar, no próximo dia 1 de Maio espero estar a celebrar a consagração da Lei n.º XX/XXXX de Abolição das Interrupções na Hora da Retrete.